quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Homem ou Humanidade?

"Nenhum homem é uma ilha". Esta frase, por mais simples que seja, é tão verdadeira que chega a dar medo.. Por mais que tentemos ser independentes uns dos outros, não conseguimos.. Sempre precisaremos de alguém ao nosso lado...

Contudo, se não somos ilha, porque muitos de nós insistem no contrário? Quantas pessoas isolaram-se em suas "casinhas" e passaram a brincar sozinhas? Elas simplesmente esqueceram o o ponto básico da infância: ninguém brinca sozinho..

Algumas colocam a culpa de seu isolamento em relacionamentos passados. Dizem que estão "traumatizadas", que não confiam mais.. BOBAGEM!! Do que adianta ter mais um dia de vida, se baseamos todos os minutos em relacionamentos do passado?

Ninguém é igual a ninguém, nenhum relacionamento é igual a outro. É melhor quebrar a cara e se magoar várias vezes do que ter passado a vida inteira com medo de um futuro diferente. Não podemos padronizar nossas escolhas, atitudes, medos e, muito menos, relacionamentos.
Cada pessoa nova que entra em nossas vidas é uma chance a mais que temos de sermos felizes. Se não temos controle sobre o futuro, por que insistimos em adivinhá-lo? "Se eu cofiar nessa pessoa, ela, mais cedo ou mais tarde, irá trair minha confiança." Quem nos deu o dom da premonição? Quem nos deu o direito de julgar alguém?

Não somos somente homens, somos humanidade.. Renato Russo estava certo quando cantou: "O mal do século é a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição.." Precisamos uns dos outros e, enquanto rejeitarmos essa idéia, estaremos fadados a uma vida de dúvidas e incertezas, tentando suprir nossas carências de outras formas, e o pior, ensinando toda essa amargura aos nossos filhos...

O outro perdeu o significado para nós.. Cada um, ao seu modo, preso às sua próprias limitações, tropeça em seus erros e chuta o que Deus disse. O principal mandamento está abandonado, acabado. As palavras “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” parecem ter sido decoradas, mas não aprendidas, sentidas.. O lado humano caiu no esquecimento. Somos adeptos da arte do desapego, da segunda opção, do divórcio como facilitador dos relacionamentos, da bebida alcóolica em excesso para mascarar...

Não sabemos o que queremos, não somos o que dizemos, não seguimos o que sentimos.. Somos o nosso lado solitário e arrogante reproduzido em demasia. Temos o direito de envelhecer ao lado de quem
amamos, assim como nosso avôs fizeram, mas pensamos ser o amor verdadeiro um sentimento do passado e sentimos inveja do passado deles. Não entendemos que o que mudou não foram os sentimentos, mas a capacidade do homem de senti-los. E, ainda por cima, colocamos a culpa no 'tempo' (Não temos tempo para ir ao aniversário, ao casamento, ao cinema, ao parque. Não temos tempo para escutar, para abraçar, para dar um beijo.). Estamos sempre atrasados.

A moda de hoje é "olho por olho e dente por dente", "quem me traiu , por mim será traído", "se eles podem, por que nós não?". Tentamos justificar nossos erros, baseados nos erros dos outros.. Já dizia um grande professor de História: "Olho por olho, dente por dente. Desse jeito a humanidade acabará cega e banguela". Estamos cada vez mais distantes de um final feliz.. Afinal, quem ainda acredita em final feliz?


Déborah Simões Colares

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